segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Dia 1


Primeiro dia pós-canditadura dele. Angustiada, frustrada. Não fui pra universidade. É duro demais. Não vou pra casa da minha família e nem vou ao escritório. Simplesmente não vou a lugar nenhum. Observar o rosto vitorioso da minha professora do primeiro horário e me entregar a fornicações mentais e o sentimento de impotência no segundo, enquanto provavelmente discutiriamos o que está por vir é muito masoquismo. Já fazemos isso aqui em casa o tempo todo. Vivenciar nossas derrotas diárias e comentá-las é rotina que perdura.

"Agora já pode matar viado", os primeiros alvos. Provavelmente o que mais incomodava essa galera. Deus sabe o que vem depois, que grupo virá depois, quem será perseguido depois. Nunca me considerei comunista, sempre me considerei de esquerda. Sair de vermelho nas ruas hoje é impensável. É virar alvo. Ainda me salvo pela cor da pele, ainda me salvo por parecer rica. Ainda me salvo por muita coisa. Ainda.  Ontem foi um terror. Hoje ainda escutamos fogos de artíficio. Talvez, como eles mesmos disseram, ecos do que estão por vir.

Acréscimos

*"Ideologia de Paulo Freyre será retirada das escolas"
*"Mercosul é ideológico e não será prioridade"
*"Eu fui buscar naquilo que muitos chamam de caixa de ferramenta para consertar o homem e a mulher, que é a Bíblia Sagrada. "
*"É melhor entrar, porque não entrou ainda? Da próxima vez o tiro não vai ser pra cima não, vai ser pra dentro. Vai acabar esse negócio de sapatão, viado, roceiro e petista"
*Ataque ás residências da UFBA
*Espancamento de J.Barata

As pessoas que deveriam nos proteger...